olhos míopes


Olho o mundo com olhos míopes,
 sob um óculos de lentes grossas e pesadas

Vejo rostos que flutuam impassíveis entre escadas rolantes
Numa rotina robótica de ir e vir para o trabalhos
Destituídos de alegria,
simplesmente atos automáticos de sobrevivência

Vejo amores simulados
Romances arranjados
Nomes falsos com telefones imaginários
A mentira tão bem quista, virando verdade justificada

Vejo a ausência
Os prazeres pequenos

O que não vejo
Não vejo beleza, nem as flores.
O por do Sol esquecido entre o tempo e os carros
O sorriso, a alegria que agora não passa de algo repassado
Experiências não vividas, essa tal alegria

As lentes do meu óculos pesam entre meus olhos míopes
Vejo agora formas distorcidas sem ele
Ou via antes realidades imprecisas sob o ajustamento de meus olhos

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