Eu conto

Hoje acordei decidida a escrever meu primeiro e maravilhoso conto, que seria postado no meu, tão maravilhoso, blog. Acordei cedo, não tão cedo, o suficiente, não o meu normal, onze horas da manhã, mas às nove. Tomei um belo café da manhã na varanda, para que o ar frio, poluído e matinal de São Paulo me inspirasse. Depois de cinco minutos, tinha na tela do computador um texto revolucionário, digno de prêmio. 

O sol faz manhoso seu caminho até o oeste. O relógio da cozinha avisa: “já se passaram três horas”. Na tela do meu computador somente o vazio. Ainda bem que eu sou brasileira e não desisto nunca e, sobretudo, ainda bem que é computador porque senão me tornaria uma assassina em série de árvores, tantas foram as vezes que apaguei o primeiro parágrafo. Pra ser mais exata, a primeira frase. E a tela no final sempre vazia. Como escrever é difícil!!! Sempre imaginei as palavras fluindo através dos meus dedos; palavras se transformando em frases; frases se tornando textos e, finalmente, esses textos ganhando “muitos” prêmios. Porém, a única coisa que fica sob meus dedos é o botão “delete, delete” e, finalmente, “delete”.

Hummmmm.........!!!!!!! que cheiro bommmm......!!!! Hora do almoço. Que fome!!!! O conto pode esperar. Pelo menos uma hora. Não... um pouquinho mais!!! Tem a sesta, que reduz meu risco de ataque cardíaco. Depois tenho que ir ao salão. Preciso ficar linda, pelo menos minha unha. Tem também a seção da tarde. São anos de dedicação. E aí chega a noite. Tenho que dormir. Afinal, meu trabalho é escrever e meu cérebro precisa descansar. Assim, aqui estou eu, uma brasileira, que não desiste nunca, na cama, olhando para o teto vazio, imaginando histórias interessantes, donzelas não tão indefesas, vidas ordinárias... vidas ordinárias são interessantes. Não se espera muita coisa e elas sempre nos surpreendem: cavalheiros educados ou nem tanto, histórias que poderiam se tornar um conto interessante. Resolvi trocar o vazio do computador para o vazio do teto. Ainda assim as palavras continuam a fugir de mim. Por mais que divague, elas não fazem mais sentido. Quem sabe amanhã?!?!?!?! Boa noite.